
Paróquia Santo Antônio
LAGOA DOURADA-MG / DIOCESE DE SÃO JOÃO DEL REI-MG
Igreja Matriz de Santo Antônio
A Matriz de Santo Antônio em Lagoa Dourada está situada sobre uma colina ou espigão acima da Antiga Matriz que havia sido concluída em 1737. O fato interessante desta localização é que ela está no ponto divisor de águas das bacias do Rio Grande – afluente da Bacia Platina ou do Rio da Prata (1) e o Rio São Francisco. Escreveu No 1º livro de tombo, página 2 verso, Pe. Maurício com o Título Fenômeno. Com nota o Anuário de Minas bem informado, que existe em Lagoa Dourada o quase encontro das duas grandes bacias dos rios São Francisco e Paraná efetivamente.
1- Águas vão para o Rio Carandaí que deságuam no Rio das Mortes afluente do Rio Grande.
2- Rio Camapuan afluente do Rio São Francisco. As águas do lado direito vão para o sul e as do lado esquerdo vão para o norte respectivamente.
A construção da Matriz é de 13 de junho de 1850 sob o paroquiato do Revmo. Pe. Francisco José Ferreira conforme apontamento do Pe. Maurício no 1º livro de tombo, fls.6V com o Título de “NOTA” e 1º tombo Fl.8V, lançamento da pedra fundamental. Com base no livro de tombo podemos ver que a nova Matriz começou com calor e entusiasmo com paredes tão altas que alarmaram o céu. Cita ainda que o calor arrefeceu-se. A obra ficou parada por um bom tempo.

A Matriz de Lagoa Dourada foi projetada em sessões conforme consta escritura e orçamento lavrados no cartório de notas do 1º ofício Caetano Silva Mourão aos 22/08/1874, livro de nota atual fol. 107.
O projeto é dos engenheiros Dr. Cândido José Coelho de moura e Carlos Caton Copsy. Como mestre de ofício foi contratado o Sr. José Moreira da Silva com sua equipe que nesta época estava terminando trabalho no Adro da Igreja São Francisco em São João Del Rei e foi autorizado pela mesa a conforme menciona a escritura de contrato para dar início à obra da Matriz de Lagoa Dourada.
Assina autorizando, folha 5 da escritura. Assim sendo o projeto deveria ser executado da seguinte maneira:
1ª seção – Frontispício, corpo e telhado.
2ª seção – torres, Capela Mor e telhado desta
3ª seção – soalhos, forros, coro e púlpito
4ª seção – Altares, consistórios, sacristia e decoração interior.
Ainda aponta medidas:
Espessuras das paredes = 1,10 metros.
Espessura das paredes Capela Mor = 88 cm
Arco do Cruzeiro = 1,50
Outro dado interessante sobre este local é que neste ponto passa a Estrada Real conhecida como Caminho Velho no mapa da Estrada Real mas neste trecho precisamente foi aberto um novo caminho pelo Coronel Antônio de Oliveira Leitão por volta de 1713 conforme livro de Dauro José Buzatti, página 23 o que vou chamar de outro caminho que encurtou a viagem em aproximadamente 15 dias dentro do Roteiro do caminho velho da Estrada Real e que passa do lado da Matriz e sobre o morro vermelho. O Historiador Dauro Buzatti chama de caminho novo. Outro dado interessante antes de entrarmos nos detalhes Pe, Alfredo Rodrigues Macedo demoliu a velha e passou a utilizar a Igreja do Rosário como Matriz. Entretanto segundo uma hipótese ela foi fechada. Só demolida depois de se poder transladar os altares Laterais e cochias.
Outra Curiosidade: Segundo a tradição oral quando a comunidade resolve fazer a Matriz mediram a Matriz de Nossa Senhora da Conceição em Prados e como que desafiassem a Antiga sede da Paróquia fizeram uma maior ou seja as medidas internas da Matriz de Santo Antônio são justamente as medidas externas da Antiga sede Paroquial Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Prados. Nada encontrei nos livros de tombo mas tradição oral “os antigos” dizem sobre este fato. O estilo da Matriz é difícil de apontar. Eu diria eclético ou seja há vários estilos sobrepostos no livro de tombo. Há um apontamento que diz neo clássico. Outros estudiosos apontam O Barroco Tardio. Podemos tentar compor da seguinte forma. O frontispício e a fachada frontal há um traço forte do estilo neoclássico. A fachada é de pedra revestida com argamassa detalhes simples em pedra sabão em arco abatido. Tanto na porta como nas janelas que não possuem guarnição. Ao pé das janelas nas soleiras há um detalhe em pedra imitando garras de leão com 3 unhas.
Apenas em uma há dois sinos. Um antigo 1833, cujo nome é São Gerônimo. Afinado em lá, foi reformado em 1943 e outro novo.
As fachadas laterais da Igreja são em alvenaria de cerâmica. Estilo colonial foram construídas por Dom José d’Angelo em 1943 que ao assumir a Paróquia verificou que a sacristia era insuficiente escreve no 3º livro de tombo, fls 4 entre todos os problemas que exige solução rápida está logicamente na Matriz ... resolvendo estes reparos e aproveitando o ensejo e a boa vontade do povo... no ponto de vista estético pois apresenta o prédio uma falha ao lado da Capela.


Segundo a visão de Dom José d’Angelo havia uma falha ou um grande vão o qual construíram nesta época toda a lateral. Mais tarde o Mons. José Hugo colocou laje pré-moldada nestes anexos e trocou o telhado. Acrescentando ainda 2 salas pequenas que são os confessionários internos e um escritório fechado que hoje é o arquivo.
Na fachada de traz há 2 sanitários masculino e feminino. Construídos em acordo com o conjunto de edificação pelo Mons. José Hugo em 2006. Há ainda no anexo a nave central na fachada. Um revestimento em ardósia que destoa à época da Construção.

O interior da Igreja na entrada há um belo tapa vento em madeira, duas bandeiras com cruz símbolos cristãos. Da direita para a esquerda, sendo 1º capa rô * com trigo, 2º cálice, 3ª Santíssima Trindade, 4ª Espírito Santo e os Dons, 5º símbolo mariano com coroa. 6º símbolo de São José tendo no centro o Lírio, o machado e o esquadro.
Há ainda cercando todo o tapa vento um conjunto de ferragens e vidro nas laterais que destoa completamente do interior da Matriz. O acesso do coro e ao batistério. Há duas portas simétricas em pedra. Estilo colonial português. As outras quatro portas são em arco abatido.
O piso é em ladrilho hidráulico sendo o do corpo da Matriz amarelo com flores e os dos anexos e sacristia vermelhos e mesclados.
No teto do coro há uma belíssima pintura de instrumentos e flores com ricos detalhes completamente diferente das outras pinturas com certeza são mais antigas que as do teto da capela mor ou presbitério.
OS ALTARES
A matriz era dotada de 7 altares entretanto 2 foram demolidos os da entrada por Dom José d’Angelo (1943 a ...)
Sobre estes escreve Pe. Maurício no 1º livro de tombo, fls.7... “Além dos 4 altares supra tem a Matriz atual mais três a saber: o do trono... e mais dois, estes de maior fachada, relativamente dos outros laterais logo a entrada da Matriz. Um dos quais é o que serviu na Capela do Revmo. Pe. Pedro Ribeiro de Resende e para a Dita Matriz se transladou e o outro deve sua construção à iniciativa dos devotos de São Sebastião convidados pelo vigário Antônio Cardoso”
Quanto aos altares laterais da nave central, segundo a Tradição oral vieram da Capela Velha. Uma povoação que havia próxima a fazenda Monte Alegre, este teve a população quase dizimada por uma peste no início do século XVIII e após algum tempo levaram os altares da Capela Velha bem como o padroeiro Santo Antônio foi transladado para a Antiga Matriz.. “Nada encontrei sobre esta história, mas sabe que existiu uma povoação com este nome parece que vi em Prados algo sobre a Capela Velha mais precisamente um levantamento em um fragmento apontando o povoado e o número de fogos ou seja casas na época a Capela Velha pertencia a freguesia de Prados.
Quanto aos altares laterais da nave central, segundo a Tradição oral vieram da Capela Velha. Uma povoação que havia próxima a fazenda Monte Alegre, este teve a população quase dizimada por uma peste no início do século XVIII e após algum tempo levaram os altares da Capela Velha bem como o padroeiro Santo Antônio foi transladado para a Antiga Matriz.. “Nada encontrei sobre esta história, mas sabe que existiu uma povoação com este nome parece que vi em Prados algo sobre a Capela Velha mais precisamente um levantamento em um fragmento apontando o povoado e o número de fogos ou seja casas na época a Capela Velha pertencia a freguesia de Prados.
Assim sendo o conjunto dos altares na nave principal da matriz dão um ar forte do estilo Barroco.
O 1º altar do lado direito onde está N. Sra. Lourdes foi esculpido para o Sr. dos Passos. Com certeza havia aqui em Lagoa Dourada a irmandade dos Passos. Todo retábulo é guardado por uma sanefa ou baldaquim. No retábulo há entre vários adornos os símbolos da Paixão no alto um escudo tendo a coroa de Espinhos sustentado por 3 anjos um pouco abaixo uma franja que guarnece o camarim nas laterais há 4 colunas compósitas talhada na madeira com símbolos da paixão em 2 a saber: martelo e lança; trombeta e cana, esponja de vinagre e; escada, azorrague e torquês ainda nestas colunas há flores, folha de acanto e cachos de uva. No lado interno das colunas há 2 nichos entalhados na madeira em dossel (cortinado), na parte de baixo do retábulo há um sacrário que com certeza é tardio foi aberto e funciona como relicário da Relíquia de Santo Antônio e outras. Ainda nesta parte há 2 colunas a parte inferior que chamo de mesa foi substituída por talhas novas embora tentaram imitar a antiga é mais grotesca e destoa do conjunto. A madeira e pintura do camarim se perdeu é em alvenaria pintada de azul.
O Retábulo do altar em frente a este onde esta N. Sra. Perpétuo Socorro é do mesmo, autor entalhes finos rococó no alto há um escudo com 3 estrelas, circundado por anjos com azas não se sabe certamente sobre este altar pode ser de Santana mestra, imagem que temos no acervo datada de 1738 mas um entendido em arte ao passar por aqui me informou que este altar pode ser de N. Sra. das Mercês, há uma imagem na Paróquia em madeira policromada. Há 4 colunas compósitas que associam elementos dóricos, Jônicos e coríntia na parte superior há conchas. Os fustes das colunas externas são adornados por palmas ou folha de acanto e os fustes das internas são simples meio vazados e retos. Há ainda 2 nichos em dossel (acortinados) com uma leve diferença entre o outro altar. Ladeado por duas colunas a parte inferior é tardio com o emblema de N. Sra. do Carmo e uma talha diferente do retábulo se observa ainda folheamento em ouro no retábulo cravado na parede.


O retábulo do altar próximo ao arco do cruzeiro lado direito é com certeza de N. Sra. das Dores. É todo em rococó no alto há um escudo em resplendor com raios e 3 corações. O do meio traz a flor como símbolo da Virgem Maria. Segundo a iconografia cristã os outros um traz o coração traspassado pela espada e o coração com a cruz que é o coração do filho. Na parte alta do retábulo há 3 anjos, 2 vestidos com as mãos estendidas provavelmente seguravam tochas, velas ou flâmulas que com certeza foram perdidas e um anjo em cima de um dossel.
Há ainda 4 colunas compósitas sendo entre 2 nichos laterais estas colunas as de dentro adornadas com flores e palmas ou folhas de acanto as de fora com o fuste vazados e retos os nichos são em dossel e acompanham os outros altares mudando apenas em alguns detalhes da franja na parte de baixo do retábulo. Há no centro uma lua, símbolo do elemento feminino talvez uma leitura do apocalipse que fala da Lua sob os pés ela está dentro de um escudo ladeado de ramos de flores que sofreram alteração na pintura com certeza purpurina dourada. Em um dos lados desta parte há novamente a espada, símbolo da Senhora das Dores e do outro a Rosa como já descrevi na iconografia cristã a flor simboliza a Virgem Maria. Na parte debaixo do altar é outra talha que destoa todo o conjunto e tardio e traz o símbolo do Sagrado Coração de Jesus, devoção que foi o marco da Romanização do Brasil. No início do século 20.
O retábulo do outro altar ao lado deste próximo ao arco do cruzeiro e a entrada da sacristia faz uma alusão de Coroação de N. Senhora na parte superior. Há 2 anjos sem asas suspensos segurando uma coroa com uma flor. Podemos dizer que já é uma alusão ao dogma da Assunção de Nossa Senhora embora na época que foi talhado este retábulo não havia este dogma. Figura ainda 4 colunas compósitas, sendo as de dentro adornados com flores e palmas ou folhas de acanto e as de fora com o fuste vazado e reto há entre elas 2 nichos em dosséis na parte de baixo do retábulo que vai na parede há 3 símbolos no centro uma estrela. A ao lado uma torre e a palavra simbolizando a Bíblia. Ao olharmos o conjunto deste altar lembramos da Ladainha de Nossa Senhora. Na parte de baixo há como complemento do altar em outro estilo mais grotesco e o símbolo de São José que hoje é venerado neste altar.
Podemos observar ainda que a parte interna do camarim pode estar preservada há pintura de flores ou palmas. Estes 4 altares mesclam a 2ª fase do Barroso e a 3ª fase rococó.
Na nave central há ainda 2 púlpitos retos de uma talha completamente diferente dos altares. A porta de acesso em pedra reta sem muita arte o tambor sem adornos.
No arco do cruzeiro há acima uma cruz com folhas em alto relevo é de pedra e o acabamento em alvenaria com as iniciais de Santo Antônio há uma douração feita a pouco tempo. O arco é imponente todo pintado de amarelo pvc, há sinal de que pode haver pinturas nele conforme a raspagem feitas em uma de suas colunas.

A capela mor da Matriz, é em estilo neo clássico completamente diferente da nave central onde prevalece o rococó devido aos 4 altares da Antiga Matriz.
A capela mor é dotada de 4 óculos em forma de trevo simétricos, tem ainda 4 grandes colunas no estilo Romano com fuste acanelado junto a base destas colunas como que interligando-a há uma cimalha em auto relevo onde figura flores e folhas de acanto.
Há 6 telas pintadas na alvenaria tiveram a moldura marmorizada a pouco tempo e revelam as laterais milagres e passagens de Santo Antônio as centrais são maiores e apresentavam passagens da escritura sagrada. Todas são grotescas e primitivas não revelando muita arte ou técnica em pintura o teto e em abóboda curva. Nele estão pintados os apóstolos e evangelistas. No centro uma pintura de Santo Antônio.


A pintura do teto da capela mor segundo aponta Pe. Maurício no 1º livro de tombo, fls. 7 é de 1905 ou 1906 podemos dizer comparando o teto com as telas que no teto há uma infinidade de detalhes e uma estética mais apurada no teto.
Ainda na capela mor ao lado do altar mor, há 2 nichos de coluna salomônica conchas e folhas de acanto com detalhes em rosa que destoa de todo o conjunto meles ficam N. Sra. dos anjos e São Sebastião
O ALTAR MÓR TRONO
O trono é simples pobre em detalhes Pe, Maurício escreve no 1º livro de tombo, fls. 7: “... o do trono do padroeiro cuja fachada, realmente em desacordo com o grandioso da obra que o exigia majestoso e rico em arte...”
Há nele 2 colunas simples, compósita fuste com canelura e o trono em imitação barroca. Tardia de talha grosseira. Em todo o conjunto da matriz podemos dizer que é eclética ou seja figuram nela vários estilos rococó, neo clássico e colonial português.
A parte baixa do altar onde está o sacrário é de mármore. O sacrário é um cofre azul sem qualquer arte. Sabemos que o sacrário que está na Igreja do Bom Jesus é que servia o altar mor da Matriz. É em madeira policromada folheado a ouro, mas coberto por pvc e purpurina Dourada.
Na grade da Comunhão que separa o corpo da Igreja da Capela Mor é em Mármore e metal provavelmente latão. Há uma bela balaustrada em colunas porém sem portão.

RESTAURAÇÃO
No ano de 2013, a paróquia em conjunto com a Secretaria de Cultura de Lagoa Dourada, iniciaram o processo de restauração da estrutura do templo, que está tão deteriorado e cheio de intervenções impróprias que o descaracterizaram e até depreciaram o templo que é do século XIX. Nesse primeiro momento, serão realizadas intervenções que corrijam os equívocos cometidos ao longo do tempo, dentre elas:
-Retirada da estrutura de vidro instaladas no para-vento;
-Retirada das pedras de ardósia das torres e das laterais;
-Retirada do lambrix (revestimento de madeira) das paredes da nave central e das laterais internas;
-Retirada das vidraças na torre direita;
-Retirada de algumas peças de mármore do altar-mor, que serão substituídas por madeira maciça;
De acordo com Pe. José Walter, ainda será criado dentro da Matriz, duas salas que serão destinadas à exposição permanente das obras do Mestre de Lagoa Dourada. Ainda disse que assim que concluída a etapa de recuperação da estrutura da Matriz, será iniciada a etapa de restauro das pinturas das paredes, quanto dos altares laterais, ocasião esta que tentará capitar recursos através da lei de incentivo fiscal. "Quanto a pintura, estamos definindo com um técnico e assim que a estrutura estiver pronta pintaremos todo o conjunto, resgatando o estilo da igreja. Todo o trabalho está sendo acompanhado por um responsável técnico da diocese e uma comissão de bens culturais ." - disse Pe. José Walter.